Ontem
uma amiga me disse: “Isso é o que realmente importa na vida, conhecer pessoas,
reconhecer novos amigos, beijar nossos pais, viver um dia após o outro”. E ela está certíssima. A vida é tão complicada
às vezes, problemas repentinos que surgem e nos pegam de surpresa, problemas
com as quais lidamos por tanto tempo e temos que driblá-los. Nunca estamos satisfeitos,
sempre queremos mais. Nossa vida, em grande parte, é uma busca constante. Busca
por um grande amor, por uma oportunidade profissional, por um lugar ao sol.
Além de desejos corriqueiros, tais como "aquela bolsa linda",
"aquele corte de cabelo" ou ainda "aquela viagem pra não sei
onde". Enquanto isso, o tempo passa diante de nossos olhos e não
percebemos. Vivemos tão preocupados com nossos desejos, nossas procuras e não
damos importância a mais um dia de vida ao lado das pessoas que nos são
queridas, importantes. Gostamos de alguém, dos pais, dos filhos, de amigos e
não dizemos. Aquele abraço apertado, beijo ou sorriso acaba ficando para o dia
seguinte porque estamos apressados, porque perdemos a hora. Tomar um bom café
da manhã sentados à mesa em uma conversa informal já não acontece, cada um toma
um gole de café em horários diferentes e sai pra luta. Porém, o tempo é
implacável e leva nossos dias pouco a pouco. Não falo de envelhecer, pois isso
faz parte da vida, indica mais conhecimento, mais maturidade e também é bom. Eu
falo sobre desperdício, sobre deixar de dizer um "como eu gosto de
você", deixar de dar um passeio na beira do mar ou onde for, continuar
deixando aquele abraço apertado e beijo para amanhã. Não assistir ao filme que
se quer ou ler o livro pretendido porque o dia tem só 24 horas. As pequenas
coisas que nos fazem felizes são fundamentais, são elas que nos dão forças pra
enfrentarmos situações difíceis ou de mudança brusca. São elas que nos fazem
sentir bem, fortes e felizes. Prontos para o que der e vier. São elas que fazem
sua alma sorrir e seu coração entrar em estado de paz.
(Renata Bottura)